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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Primeiros 13 minutos do gameplay de South Park: The Stick of Truth

O respiro de um gênero saturado

Agora que o jogo já está pronto, a Ubisoft Brasil convidou os jornalistas para testar os primeiros minutos de "South Park: The Stick of Truth" que você vê no vídeo mais abaixo e, embora o tempo tenha sido curto, foi o suficiente para entender que este não é um RPG comum; que usar a série animada como base acrescentou muito a um gênero que sofre com a constante repetições de fórmulas batidas e falta de criatividade crônica.
Boa parte dos jogadores já se pegou vendo o anúncio de um novo RPG e se perguntando se ele não tinha sido lançado antes. Essa sensação vai se tornando comum a medida que os anos passam e a geração se estabelece, cada vez mais jogos parecidos vão chegando às prateleiras e deixando o público saturado pela mesma fórmula repetida várias e várias vezes.
Isso não tem um vilão específico, talvez o medo corporativo de se arriscar a perder dinheiro com uma proposta que o público pode não aceitar muito bem seja a resposta mais aceitável, mas ainda isso não é certo quando temos independentes que também se arriscam pouco.
A verdade é que os RPGs são assombrados por fórmulas batidas. A maioria dos jogos nessa prateleira terão um sujeito mal encarado de armadura e cabelo comprido com cicatrizes pelo corpo e armas medievais, quando não é isso, temos um sujeito mal encarado vestido de couro, talvez uns implantes cibernéticos e mais cicatrizes. Houve um tempo em que ser mal encarado e ter cicatrizes foi a grande novidade, já que antes o estilo mangá e a arte andrógina dos JRPGs dominavam o mercado. Hoje em dia um bom jogo do gênero precisa ser sombrio, ter personagens perturbados, árvores de diálogos e combates em tempo real que dependem mais das habilidades do jogador que do nível dos personagens.
O grande problema nisso é que nenhuma dessas coisas é ruim – pelo contrário –, todas em algum momento marcaram os RPGs introduzindo mecânicas novas que traziam uma nova direção pela qual o gênero poderia seguir. O problema é que muitas vezes todos decidem aproveitar a trilha nova e outra vez precisamos esperar que alguém pavimente uma nova estrada.
Apesar dessa reflexão, não acredito que "South Park: The Stick of Truth" vá trazer qualquer novidade importante o suficiente para povoar os RPGs pelos próximos anos. A versão final ainda pode me desmentir, mas vejo o jogo de outra forma: como um ponto fora da curva, um respiro no meio de todas essas fórmulas repetidas.
Ele é um RPG de turnos, com elementos de fantasia medieval, mas tudo acontecendo dentro de uma brincadeira das crianças que vivem na cidade de South Park. Você é um garoto novo, que acabou de se mudar, e por algum motivo seus pais estão muito gratos por também ter perdido a memória.
Como no próprio desenho animado, o segredo aqui está na simplicidade. A criação de personagens é bem básica, assim como os controles – você vai para um lado, para o outro, cima, baixo, ataque e botão de ação. – O diferencial, também como no desenho, está no texto.
Os criadores da série Trey Parker e Matt Stone são os resposáveis pelos roteiros, supervisão e dublagem do jogo. Isso você nota já no primeiro contato, quando as piadas nonsense e gags de momento dominam. Ainda que haja um pano de fundo até bem elaborado para o faz de conta das crianças, quase nada tem um motivo para acontecer além de te divertir. E a falta de compromisso do jogo é um de seus charmes.
Nesse começo, foi o humor que me fisgou. Quando perguntam seu nome, você tem a opção de não responder e assim Cartman decide te chamar de `Douchebag`, ou `Babaca` na tradução para o português. Eu dificilmente darei um nome para meu personagem depois dessa.
É no primeiro combate importante que o jogo dá a você a ideia de ser um teatro do absurdo. As respostas dos inimigos são variadas e hilárias, as referências e pequenos detalhes são repentinos e tão engraçados quanto. Como é de se esperar em algo derivado de "South Park", a risada escapa quando você anda com o seu personagem pela primeira vez, e ela acompanha os diálogos, pequenas piadas com os menus e o próprio gênero, com os videogames. "South Park: The Stick of Truth" parece ser a válvula de escape que todos nós precisamos.

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