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quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Análise em progresso: confira o que estamos achando de Final Fantasy XV


pois de 10 anos, muitas promessas e alguns adiamentos, é realmente difícil conter as expectativas ao segurar um jogo como Final Fantasy XV nas mãos. Tendo acompanhado muitos dos títulos da franquia ao longo da minha vida, ver após toda essa espera a frase “Um Final Fantasy par fãs e novatos” surgir na tela da minha TV me fez quase dar pulos de alegria. Em seguida, percebi o peso desse sentimento e pensei sobre a Square Enix.
A equipe de funcionários envolvidos no projeto certamente deve ter passado por várias mudanças ao longo de uma década, mas eles todos certamente devem ter sentido o peso de ter que agradar a fãs que passaram tanto tempo ansiosos pelo título. Agora, depois de mais de 16 horas de jogo, fico feliz de ver que todo o tempo levado em desenvolvimento permitiu que FFXV realmente trouxesse uma mudança de ares para a série sem perder contato com a sua essência, mas também não posso dizer que não há ressalvas a serem feitas.

Um mundo belíssimo e rico

Da primeira vez que pudemos experimentar a versão inicial da Demo “Episode Duscae” até o lançamento do game, tive várias oportunidades de acompanhar a transformação do game. E se já na demonstração dava para ficado impressionado com a beleza dos gráficos de FFXV, na versão final o jogo apresenta uma sensação de “uau” que é difícil de ver em um título de mundo aberto.
O jogo é muito bonito nos ambientes naturais, como campos, florestas e montanhas
Mesmo em sua versão mais “humilde”, para o PS4 normal e o Xbox One, Final Fantasy XV tem visuais ricos em detalhes e qualidade. Já nos instantes iniciais da aventura, com Noctis e seus três inseparáveis amigos empurrando seu carro em meio a uma estrada desértica, é inevitável aproveitar o momento para fazer a câmera dar uma volta e apreciar os gráficos majestosos. Bom para a Square, já que qualquer downgrade em um jogo de 10 anos seria difícil de perdoar, e para nós, que podemos nos deleitar com as belezas do mundo de Eos.
Tão impressionantes quanto os gigantescos cenários naturais são as estruturas feitas pelos seres humanos que habitam as cidades, vilas e postos espalhados pelas diferentes regiões por onde as viagens do grupo nos levam. Seja você alguém que está em busca de itens escondidos e side quests ou uma pessoa que simplesmente quer explorar os becos e ruas de cada cidade, não faltam detalhes para ver espalhados por todos os cantos.
As cidades também não ficam para trás em termos de beleza

Viagem começada em marcha lenta

A princípio, andar por esse amplo mundo pode ser uma tarefa confusa e cansativa. Ir a pé de uma ponta à outra do mapa é algo impensável tendo em vista as dimensões homéricas dos cenários, de forma que não leva muito tempo para percebermos que o carro é um elemento muito importante na exploração. Aqui, no entanto, não é bom esperar um sistema livre como o de GTA.
No começo, você passará a maior parte do tempo no modo de transporte “automático”, quando Ignis assume a condução e você simplesmente tem que esperar a chegada ao seu destino – o que pode levar alguns bons minutos. A pior parte, no entanto, é que pouca coisa muda quando você está ao volante, sendo forçado a seguir os “trilhos” na forma de estradas.
No começo, você vai cansar de tanto andar de carro
Por esse motivo, não leva muito tempo até que você passe a depender um pouco mais do sistema de quick travel, que funciona para que seu carro chegue rapidamente a destinos já visitados anteriormente e, assim, reduz o tempo perdido nas viagens. A exploração propriamente dita só se torna realmente divertida a partir do momento em que os chocobos são liberados, permitindo andar de forma livre e rápida pelos ambientes – isso, no entanto, só é possível após algumas horas de jogatina.

Ação com estratégia

Além do mundo aberto, a principal diferença de Final Fantasy XV com relação ao restante da série é realmente o combate, que agora é totalmente em tempo real. Controlando diretamente apenas Noctis, você deve usar um botão para se esquivar de praticamente todos os ataques inimigos (enquanto sua mana durar), outro para usar as habilidades de translocação do príncipe (o que também consome energia mágica) e segurar o terceiro para lançar sequências de ataques contra um inimigo marcado usando a arma equipada.
Ainda que os controles se concentrem em poucos botões, se engana quem acha que basta apertá-los freneticamente para ganhar as lutas. Cada inimigo possui seu próprio ritmo de ataque e, caso você encare números muito grandes de monstros, até mesmo as criaturas mais fracas podem acabar te deixando em apuros se você não tomar cuidado de desviar e bater na hora certa. Caso queira algo ligeiramente mais próximo do sistema de turnos, pode ativar o modo estratégico para ganhar tempo para analisar oponentes e escolher como os enfrentar.


Usando os direcionais analógicos, você pode instantaneamente alterar entre os armamentos disponíveis para se adaptar às fraquezas de criaturas. Também é possível acessar o menu de equipamentos a qualquer momento para ter mais opções. Além de magias, o príncipe por usar espadas comuns, espadas largas, adagas duplas, lanças, pistolas, escudos, máquinas e magias. Essas últimas, aliás, são simultaneamente uma decepção e uma alegria.
As magias e summons têm pouca variedade, mas são impressionantes e poderosos
O lado ruim das magias está na sua falta de variedade, que se limita aos elementos básicos de fogo, gelo e raio. Por meio de um sistema de crafting misturando itens, é possível adicionar efeitos extras, como chamas que também curam o usuário ou uma nevasca capaz de envenenar inimigos, mas não é possível fugir totalmente dos três elementos. Similarmente, os summons também são poucos e não podem ser usados livremente.
Já pelo lado positivo, os feitiços serem usados na forma de pequenas “granadas” faz com que eles se integrem perfeitamente ao sistema de troca de armas do príncipe. Por serem muito poderosos e causarem dano em área, o fato de serem limitados à forma de itens consumíveis é compreensível. Além disso, ver o efeito visual de sua aplicação sobre inimigos, amigos e ambiente é algo realmente impressionante. Similarmente, a invocação dos summons é algo que não apenas faz cair o queixo, mas encerra imediatamente qualquer combate com a sua vitória.

Amigo é coisa pra se guardar

Até que você já tenha jogado o suficiente para ganhar acesso a todas as áreas do mundo e conseguir alternar livremente entre carro, chocobos e a boa e velha caminhada, é bom estar preparado para gastar bastante tempo se locomovendo de uma ponta à outra do mapa. Isso, no entanto, não é uma tarefa cansativa, já que é justamente nesses momentos que podemos acompanhar o desenvolvimento do relacionamento entre Noctis, Prompto, Ignis e Gladiolus.
Você acaba conhecendo muito sobre os personagens durante as viagens de carro
Em meio a esses papos, gradualmente vamos descobrindo um pouco mais sobre os gostos, opiniões, personalidades e histórico de cada um dos personagens. Ainda que o jogo não nos mostre como começaram as relações entre os quatro membros do grupo e explique muito brevemente seus passados, você inevitavelmente acabará sentindo uma enorme familiaridade com cada um deles.
Ao passar por algum lugar particularmente bonito ou importante, por exemplo, não é raro que um dos protagonistas sugira parar o carro para bater uma foto em grupo, ou que algum deles comente sobre alguma lenda da região e sugira investigá-la. Tudo isso acontece de uma maneira muito interessante, e sempre cabe a você – no papel de Noctis – decidir como responder a todas essas interações.
A fotos de Prompto são apenas um dos muitos exemplos das personalidades de cada herói
Não há dúvidas de que a Square Enix acertou em cheio na construção dessa relação de “irmãos com pais diferentes”. Seja nos momentos em que estão falando sobre o cheiro dos chocobos, lamentando alguma perda ou discutindo sobre o que fazer a seguir, fica claro que esse grupo de heróis não se formou apenas para salvar o mundo, mas sim que já eram praticamente uma família antes de tudo começar. E, pouco a pouco, você acaba se sentindo parte dela.

Um grupo à deriva no enredo

Se há algum ponto do qual alguém que só jogou a primeira metade do jogo poderia reclamar é o fato de que a história central de Final Fantasy parece ser apenas um pano de fundo para as viagens cheias de aventuras dos heróis. Seja por causa das inúmeras side quests e caçadas, das corridas de chocobo, da exploração do mundo, da interação bem-humorada entre os personagens, a sensação de que há um grande mal ou perigo a ser combatido é algo quase inexistente nessa primeira metade do jogo.
Mesmo se você começar se concentrando totalmente nas missões principais, a sensação que se tem da trama no começo é a de que os acontecimentos verdadeiramente importantes estão acontecendo com outras pessoas em lugares distantes do mundo. Noctis e seus amigos partem na sua viagem e, quando as coisas começam a acontecer, eles se veem subitamente sem destino, à deriva em meio à turbulência política.
Essa imagem representa muito bem a sensação que a história passa no começo
Essa sensação de afastamento da história central só começa a perder a importância bem mais para a frente, de forma que a falta de propósito claro no começo do game pode afastar alguns jogadores. Para minimizar isso, a sugestão é assistir aos episódios do anime Brotherhood e ao longa Kingsglaive, que por si só já são produções muito boas e também servem como forma de contextualizar o início do jogo. Acredite, o começo da aventura ganha um peso emocional muito maior caso você tenha acompanhado os eventos dessas obras.
Por enquanto, agora que estou com cerca de 16 horas de jogo, ainda não posso dizer com certeza que a história realmente vai ganhar intensidade – ainda que muitos pequenos sinais indiquem que sim. De qualquer forma, podemos adiantar que FFXV realmente é um jogo muito bem feito e agradável, com coisas que vão divertir tanto aos fãs de longa data quanto a quem não tem experiência com a série.
Ver o filme Kingsglaive e o anime Brotherhood antes deixa o começo do jogo muito mais intenso
Final Fantasy XV já está disponível para PlayStation 4 e Xbox One no mundo todo. No Brasil, jogo chega com preço oficial de R$ 249,90 em ambas as plataformas. 


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